domingo, 11 de janeiro de 2015

Domingo: Futebol e Casa dos Segredos

À hora a que começo a escrever joga-se o Braga-Sporting. Intervalo. Domingo é e sempre foi para mim sinónimo de futebol. Era dia de ir ver o Coimbrões com o meu pai sentada naquelas frias bancadas de cimento, com o meu casaco de peles de princesa, e de ainda não perceber que os nomes que chamavam ao árbitro não eram os de baptismo. Era dia de me deixarem à porta do velhinho Estádio das Antas e de ir ver os jogos sozinha quando mais ninguém queria ir, fizesse sol ou chuva (e ainda hoje grito 'É sentar, já não chove' quando alguém me está a bloquear a vista). Domingo continua a ser dia de futebol, embora já nem sempre seja dia dos três grandes entrarem em campo (Benfica e Porto jogaram ontem). Domingo é (era) dia de ir à missa de manhã e ver futebol à tarde - ou de ouvir, para aqueles que estacionam o carro em frente ao mar e acompanham o relato enquanto elas fazem malha. Com ou sem jogos grandes, lá vai havendo futebol, no estádio ou na televisão, seja a liga dos primeiros seja a dos últimos, seja cá de dentro seja lá de fora.
Ao domingo o futebol era rei. Era. Porque agora domingo é também sinónimo de Casa dos Segredos. Quem quer tema de conversa à segunda-feira - no trabalho, no café, nas redes sociais - tem de ver a Casa dos Segredos ao domingo à noite. Tudo bem que já não há grande paciência para o desfile de trocadilhos falhados (e repetidos) da Teresa Guilherme. Mas o resto é incrível. É Portugal sem filtro, para o bem e para o mal. E enquanto vemos o tipo de Rio Tinto (mas que é mouro e não é Super Dragão) a 'ser duro' com quatro mulheres na mesma casa, a fulana que diz coleccionar jogadores de futebol de várias selecções, a estrangeira que não come papa de cantina e a coitadinha que não faz mal a uma mosca mas que afinal é uma grande safadinha, vemos a vida como ela é. Rimos e choramos com o resultado. Na Casa dos Segredos, como no futebol, nem sempre ganha o nosso preferido. E podemos barafustar à vontade que depois da Voz e o árbitro acabarem o jogo já não há nada a fazer. Vai-se a ver e futebol e Casa dos Segredos é a mesma coisa: andam uns atrás dos outros a jogar, insultam-se, fazem marcações em cima, dão canal e no fim ganha o melhor ou quem a produção deixar.
A esta hora já o Sporting saiu de Braga com mais três pontos, com um golo nos descontos. Futebol: check! Tanaka(ra) que o resto do domingo é para sentar no lugar cativo do sofá a ver o prolongamento da Casa dos Segredos: o Desafio Final. Há uns dias um amigo dizia-me: "Ai Raquel, não consigo entender como é que uma mulher inteligente como tu consegue perder tempo a ver aquilo!". Para poder criticar, é preciso ver (e agora lembrei-me do adepto que dizia numa entrevista "É preciso ver...ver! As banheiras não é do Estádio do Dragão, é do Estádio da Luz e eles coiso...mergulham"). Mas não te preocupes, Mike. O futebol enche-me mais as medidas do que os peitos (muito) insuflados das concorrentes daquele programa enchem o ecrã. A Casa dos Segredos é uma curte para passar o tempo, é uma aventura. Futebol é amor, é para sempre.

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